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Moacyr Scliar foi o grande homenageado do segundo dia da XV Bienal do Livro Rio

03/09/2011 / Ana Mello

 

 

O escritor gaúcho Moacyr Scliar, morto em fevereiro, foi o grande homenageado do segundo dia da XV Bienal do Livro Rio. A concorrida sessão do Café Literário, na sexta à tarde, contou com a participação do editor Luiz Schwarcz e dos escritores Luís Fernando Veríssimo, Luís Augusto Fischer e Domício Proença Filho num bate-papo marcado pela nostalgia e por lembranças saborosas sobre o autor de O exército de um homem só e Guerra no Bom Fim.

Durante a mesa-redonda, o fundador da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, anunciou que a editora lançará em breve dois livros de Scliar: um reunirá textos publicados nos jornais Folha de São Paulo e Zero Hora, e o outro terá crônicas inéditas. A sessão foi acompanhada pela viúva do escritor, Judith Scliar.

Estimulados pelo mediador do debate, o escritor e curador do Café Literário, Ítalo Moriconi, os participantes da mesa lembraram os mais variados aspectos da vida e da carreira de Scliar: médico, judeu, gaúcho, escritor, cronista, generoso, pacifista e viajante. Schwarcz se emocionou ao lembrar do amigo e elogiou seu estilo: “Ele tem uma prosa leve, fluente, que tem um certo pessimismo judaico, mas que aos poucos adquire uma  enorme grandeza. Scliar me ajudou muito quando fundei a Companhia das Letras. Ele me adotou, foi um dos grandes amigos, e digo que não foi um pai, mas uma mãe para mim”.

Já o imortal Domício Proença Filho recordou momentos ao lado de Scliar em Porto Alegre: “Certa vez, ele veio me visitar em Porto Alegre. No dia seguinte, fui fazer compras e o dono da quitanda me deu 50% de desconto. Não entendi o motivo e ele me disse que eu era amigo de uma pessoa muito importante, o acadêmico Moacyr Scliar”.

Luis Augusto Fischer comentou sobre a diversidade da obra do escritor gaúcho: “Ele também escrevia para o público infanto-juvenil. Se uma escola do interior o chamasse para falar com alunos da sétima série que leram o livro dele, ele ia. Era muito generoso, ao contrário de escritores até mais novos, que assumem certo ar blasé”.

Outra característica muito comentada sobre a personalidade do autor foi sua cordialidade. Veríssimo lembrou que ele não se dizia nem colorado nem gremista, mas sim torcedor do modesto Esporte Clube Cruzeiro, pequeno time de Porto Alegre: “Em Porto Alegre, existem duas forças no futebol, o Inter e o Grêmio. O Scliar, talvez para não entrar em conflito, se dizia cruzeirense”, lembrou, com galhardia.

A XV Bienal do Livro Rio, uma iniciativa do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) em parceria com a Fagga | GL exhibitions, acontece no Riocentro até o dia 11 de setembro. 

 

Fonte: http://www.bienaldolivro.com.br/